A França entregará um pacote de 326 milhões de euros (R$ 817,1 milhões) de ajuda ao Haiti, um país devastado pelo terremoto de 12 de janeiro, e que compreende o cancelamento de uma dívida de 56 milhões de euros (R$ 140,3 milhões), anunciou o presidente da França, Nicolas Sarkozy, durante visita oficial a Porto-Príncipe, capital haitiana, nesta quarta-feira (17).
Em um discurso na Embaixada da França, o presidente francês disse:
- O povo haitiano está de luto, o povo haitiano está cansado, mas o povo haitiano está de pé.
Sarkozy disse, de acordo com o jornal francês Le Monde, que a ajuda internacional para o país quer perdeu mais de 217 mil pessoas vai continuar:
- A ajuda internacional deve ser massiva, mas é aos haitianos e somente a elas a tarefa de definir um projeto nacional de verdade e de o conduzir. O papel da França é de os ajudar a retomar o controle de seu destino.
O presidente francês também agradeceu os socorristas de seu país pelo trabalho de ajuda:
- Cabe primeiro aos haitianos e apenas a eles definir um verdadeiro projeto nacional e, depois, conduzi-lo, porque se trata de seu país e de seu futuro. Vim dizer ao povo haitiano e aos seus dirigentes que a França, que foi a primeira a chegar no local após a catástrofe, permanecerá solidamente ao seu lado para ajudá-los a se recompor e a abrir uma nova página feliz de sua história.
Sarkozy, que foi recebido pelo presidente do Haiti, René Préval, em sua chegada ao aeroporto de Porto Príncipe , ainda disse:
- A França estará à altura de suas responsabilidades, de sua história compartilhada e de sua amizade com o Haiti.
Sarkozy é o primeiro presidente da França a visitar o Haiti, após a independência do país caribenho, uma ex-colônia francesa, em 1804.
O jornal francês Le Figaro entrevistou o escritor Régis Debray, que, nascido na França, mora há 30 anos no Haiti. A questão foi porque a França demorou tanto para que um presidente fosse ao país caribenho.
Debray, que em 2004 escreveu para o primeiro-ministro francês o relatório “O Haiti e a França”, disse que “o Haiti feriu a história e o orgulho francês”. Ele ainda disse:
- O Haiti derrotou um Exército de 40 mil franceses antes da Independência [do Haiti] em 1804, um Exército dirigido pelo general Leclerc, genro de Napoleão.
O escritor explicou que, em seguida, a França cunhou ao Haiti uma dívida de independência do país para com os antigos colonos. Por longo tempo, então, as relações entre os dois países foram quase que congeladas. Debray ainda disse que de 1697 a 1950, também havia a ausência de transportes rápidos para ligar os dois países. O escritor afirmou:
- Sarkozy não tem apenas dois séculos de atraso, mas ele vem quebrar 400 anos de solidão. Ao menos esta catástrofe serviu para isso. Os franceses se despertam após um longo sono.
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